segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Carnaval del Toro - Ciudad Rodrigo



Neste ano de 2012 decidi passar o carnaval em Cidade Rodrigo, muito conhecido em terras espanholas e não só, e fora dos padrões normais a que portugueses ou brasileiros estão habituados, é um carnaval que tem por base toda uma cultura taurina, sendo as touradas uma tradição secular no reino de espanha e os touros um símbolo que enchem os espanhóis de orgulho.

O relógio marcava as 11h do dia 19 de fevereiro de 2012, quando eu, Luíza e Roberta (já habituais presenças como parceiras de viagem) e mais umas dezenas de pessoas inseridas em 4 autocarros/onibûs partimos em direção a "Ciudad Rodrigo". O carnaval desta pequena cidade é declarado itenerário turístico nacional, e para habitantes de Zaragoza, Salamanca, Valladolid ou até mesmo Madrilenos ou Portugueses (visto que Cidade Rodrigo fica muita próxima da fronteira entre Portugal e Espanha), este é o destino em época de carnaval. Quer pelas touradas, quer pela animação que acontece pelas ruas da cidade, é uma forma de habitantes de terras que não tem grandes tradições no carnaval poderem aqui divertir-se do nascer do sol ao nascer do sol.


Quando chegamos Cidade Rodrigo por volta do meio-dia, logo nos deparamos com um clima de muita festa e euforia geral, provocado por pessoas que saíam dos autocarros/onibûs vindos de diferentes pontos de origem. Era hora de sair da "estación de autobuses" para rapidamente entrarmos num ambiente composto por imensos carrocéis e barracas de comércio que vendiam todo o tipo de coisas, fazendo lembrar as animações que acompanham as festas populares em Portugal. Estas animações, mais modernas e menos tradicionais, encontravam-se do lado de fora das muralhas que revestem grande parte da cidade. O centro histórico, os principais marcos turísticos da cidade e os atrativos que praticamente nos fariam vir até aqui, situam-se no interior das muralhas, à semelhança de Óbidos (Portugal) ou Ávila (Espanha).

Entrando por uma das portas das muralhas, vislumbramos a "Catedral de Cidaud Rodrigo", ..... aproveitamos para tirar umas fotos e ir ao posto de turismo que ficava mesmo à vista. Muito prestáveis e com muita simpatia (por vezes difícil encontrar em Espanha), esclareceram-nos sobre o programa de carnaval, os hábitos tradicionalmente seguidos e as ruas por onde se concentrava a maior animação.

Com o mapa na mão, oferecido pelo posto de turismo, facilmente chegamos à rua por onde se faria a largada dos touros! No "Carnaval del Toro" os touros são largados num determinado Ponto de Origem, avastado e do lado de fora das muralhas, com objetivo de estes percorrerem o caminho que os leve até à "Plaza Mayor", onde ficam a repousar até à próxima largada, onde os touros saem em sentido contrário Plaza Mayor - Ponto de Origem. Nestas largadas de touros pelas ruas da cidade são milhares de pessoas que se enchem de coragem e movidas por um orgulho arrebatador, colocam-se a correr à frente, ao lado, e atrás dos touros, numa espécie de ritual em que o que conta é atingir a máxima adrenalina possível procurando chamar a atenção de Touros Bravos com chifres bem afiados. Uma loucura ?? Talvez, sendo que aqui preferem chamar de tradição cultural, partilhada por milhares de pessoas à centenas de anos.

Conseguimos ver uma das largadas, aquela que seguiu da Plaza Mayor até ao Ponto de Origem que ficava fora da cidade, não nos envolvendo em qualquer em qualquer correria à frente de uns quaisquer chifres de um Touro, mas preferindo observar atentamente (e calmamente..) do topo das muralhas.
Terminada a largada, por volta das 14h00, dirigimo-nos para a Plaza Mayor, que agora estava sem os touros. Passámos por imensas ruas em festa, imensos disfarces, bandas que tocavam músicas de carnaval, imensos bares que atingiam a sua maior cota em vendas de bebidas alcoólicas, pelo ritmo do carnaval nas ruas a alegrar as pessoas.


Na Plaza Mayor, um pouco diferente da de Madrid e Salamanca, mais esguia e estreita, embora numa forma mais retangular, continha toda a estrutura necessária para as touradas e exposição dos touros entre a largada da manhã, onde os touros chegam aqui, e a largada da tarde, de onde os touros partem da praça.
Decidimos ficar numa das bancadas, já que a tourada de exibição começava às 16h30. Depois de um tempo de espera chegaram os touros, os toureiros e com eles todo aquele ritual das tourada.
Entra o primeiro toureiro que atira o chapéu taurino para o chão do palco, tendo que ficar direito, pois se ficar virado ao contrário então dizem que dará azar. Vieram três toureiros, que seguindo a superstição do chápeu não tiveram qualquer azar e venceram os três touros. Em Espanha os touros são mortos na arena seguindo um conjunto de rituais desta tradição do reino.



Depois das touradas principais, seguir-se-iam as touradas para o povo, estas tem como objetivo dar a oportunidade a qualquer um de enfrentar o touro, que é lançado na arena e onde centenas de pessoas euforicas o enfrentam. Foram oferecidos três touros, mas estes não são mortos, porque isso é privilégio apenas reservado aos toureiros. Aliás, por vezes quando o touro é muito bom e valente, as pessoas e o toureiro nem consenso não o matam, dando-lhe o prémio da sobrevivência.


A tourada é uma tradição com centenas de anos em terras de Espanha, com um conjunto de rituais e superstições infindáveis, nunca fui adepto ou fã de grandes toradas, a verdade é que não sou, sendo este carnaval diferente do típico Carnaval a que estou habituado, mas encontrando-me muito perto do local e sendo um profissional do Turismo, tornou-se quase obrigatório viver esta tradição, nem que seja por pouco tempo. Defensor de que teremos mais razões para criticar depois de observarmos, escutarmos e muitas vezes sentirmos, é um tema de grande discussão, nos tornando mais sensíveis a qualquer tipo de opinião.
 
 Cidade Rodrigo numa palavra: Touros!

sábado, 4 de fevereiro de 2012

♫ Cheira a Lisboa ♫

1º dia

Cheguei à estação dos comboios/trens de Lisboa Santa Apolónia no dia 21 de janeiro de 2012 às 10h30, em conjunto com Luíza (minha fiél companheira de viagens) que chegava vinda de Salamanca. Depois de nos termos cumprimentado, perguntado um ao outro como tinha sido a viagem, dirigimo-nos de metro para o estádio da Luz afim de comprarmos os ingressos para o jogo entre a equipa da casa, Sport Lisboa e Benfica, e o Gil Vicente. Um dos grandes objetivos desta viagem era o de ver um jogo de futebol, fosse por gostarmos muito de futebol, fosse por nos tempos atuais ser um verdadeiro espetáculo de massas e bom programa de domingo à noite, fosse essencialmente por Luíza nunca ter assistido a um jogo de futebol ao vivo. Assim, foi muito fácil chegar à estação de comboios/trens de Santa Apolónia até ao estádio da Luz, agarrando no metro no piso subterrâneo da estação dos comboios, fomos na direção Colégio Militar/Luz, onde mal tinhamos saído da estação e já se avistava " A Catedral", como os adeptos do Benfica gostam de chamar ao Estádio da Luz. No caminho até à bilheteira os tons de vermelho iam predominando e aumentando, as crianças das escolas de futebol do Benfica iam-se ouvindo, o ambiente composto por uma Megastore do Benfica, clinícas médicas do Benfica, escritórios do Benfica e até agências de viagens do Benfica, dava para sentir a grandeza do eleito pela FIFA como o 12.º maior clube de futebol do século XX. Parados em frente de um mapa, seguimos a indicação que nos levaria até às bilheteiras, que se localizavam dentro da Megastore, que é um verdadeiro shopping do Benfica, tem lojas exclusivas a sócios e outras para o público em geral, com imensos "recuerdos" do Benfica e material de apoio ao clube, mas também outros artigos que não estão diretamente relacionados com o Benfica. Aqui entre a compra de um porta-chaves e uma foto tirada com a estátua do melhor jogador português de todos os tempos, Eusébio, que adquirimos os bilhetes para o jogo de domingo à noite.


Com a vontade de comer a aumentar e com as malas já deixadas no hotel, decidimos almoçar em Belém e comer o Pastel de Belém na Fábrica Original. Para chegar a Belém pegamos num comboio em Entrecampos (local onde se situa o hotel) e saímos na estação de Belém, que fica a uns 3 minutos do centro histórico. Almoçamos com vista para a nossa sobremessa, os desejados Pastéis de Belém, que tenho a dizer que são "de chorar por mais...", vale mesmo a pena nos deslocarmos até Belém aquando duma visita a Lisboa para provar esta autêntica proeza da gastronomia portuguesa. Em Belém existem imensos turistas, e percebe-se logo o porque, pois tem vários espaços verdejantes com museus, parques e jardins, possuindo um atraente ambiente ribeirinho com cafés e um passeio público.

Entre os simbolos históricos destacam-se o Mosteiro do Jeronimos com uma fachada muito rica e trabalhada e onde no seu interior tem os tumulos de dois dos maiores símbolos da história de Portugal, que são Luís de Camões e Vasco da Gama. Temos também, naquela mesma zona a Fundação Berardo, que costuma ter sempre uma exposição de arte, e que fica perto da Torre de Belém, um dos cartões postáis de Lisboa. Junto à Torre de Belém temos uma réplica do primeiro avião a realizar a travessia áerea do Atlântico-Sul e que foi realizada pelos portuguêses Gago Coutinho e Sacadura Cabral e ainda o Padrão dos Descobrimentos que é uma homenagem às descobertas por parte dos heróis do mar portugueses. Belém é uma freguesia de Lisboa, onde tudo nos faz lembrar a época dos descobrimentos marítimos portugueses.

 






  






Depois de um regresso ao passado e de tirarmos mais de uma dezena de fotos, fomos ao início da noite, para o centro de Lisboa, zona o Rossio, Baixa-Chiado, zona do Bairro Alto, onde a vida é bem mais agitada e onde podemos tomar um "drink" no Hard Club Cafe Lisbon. Aconselho mesmo uma paragem neste Hard Rock Cafe, como em todos os espalhados pelo mundo inteiro, a qualquer viajante que passe por grandes centros urbanos. Caracterizado por imensos adereços de artistas famosos expostos nas paredes, por um ambiente e decoração roqueiro e animado, vale muito a pena! Eu nunca resisto e já tenho uma coleção de t-shirts destes cafés cheios de estilo.


2º dia

O dia de domingo estava destinado a ser passado na vila de Sintra, pertencendo ao distrito de Lisboa. Para esta visita à vila que é classificada pela Unesco como património mundial, devido à paisagem magnífica, pedi ao Gonçalo Rodrigues, meu grande amigo natural de Sintra e conhecedor como ninguém desta vila para nos acompanhar. A vila é mesmo muito bonita, requintada e com muitos espaços verdes, onde não se pode construir nada para não perder a classificação de "Paisagem Cultural de Sintra - Património Mundial". Existe um vasto património material que torna esta paisagem única como o Castelo dos Mouros que se vê do centro da vila, o Palácio Nacional da Pena, o Palácio Nacional de Sintra, o Palácio da Regaleira, entre outros. Mas para além do material, temos também um rico património imaterial, através do Fado, um estilo musical português e patrimônio imaterial da humanidade, e as Queijadas de Sintra e Pastéis de Sintra (hmm..obrigado Gonçalo!!), da gastronomia Lisboeta. Uma tarde muito bem passada com excelentes companhias numa vila que nos faz parar no tempo.




Já durante o pôr-do-sol deixavamos Sintra, pegavamos o comboio de volta, despediamo-nos do Gonçalo e chegávamos ao hotel para nos "trajarmos" a rigor para o jogo de futebol. Com as camisas do Benfica e os cachecóis no pescoço rumamos com "um mar de gente" até à porta de acesso à nossa bancada, alguma demora para a verificação dos bilhetes e uma das melhores sensações que podemos sentir na nossa vida... Acho que toda a gente quando se depara com a visão de um estádio cheio de adeptos a cantar os hinos dos seus clubes, com os cachecóis erguidos apontando para o céu, ficam por momentos sem palavras, quase impossível não se ficar. Muito Bom!!

Durante o jogo, que foi o primeiro de Luíza ao vivo, o Benfica e o Gil Vicente batalharam intensivamente e muito de igual para igual, como aliás demonstrava o empate a 1 golo aos 70 minutos. Quem sabe se embalados pelos cantigos dos adeptos ferverósos que gritavam "♫ Oh Sport Lisboa, e o Benfica, o campeão! / Mostra a tua raça o querer e ambição / Nós só queremos o Benfica campeão!!! ♫", o Benfica marca aos 72 minutos o 2-1, e dois minutos mais tarde por Pablo Aimar o 3-1. Um misto grande delírio e alívio nas bancadas, o resultado estava feito 3-1 a favor do Benfica. Luíza comentou comigo que adorou o jogo, e com um tom de boa disposição perante os assobios dos adeptos para os arbitros diz "Caramba ninguém gosta desses caras mesmo né...", não contive um sorriso.
Saímos do interior do estádio novamente num mar de adeptos que comentavam entusiasmamente o jogo, comemos um cachorro e nos dirigimos para o hotel.


3º dia

O terceiro e último dia da viagem foi passado na Parque das Nações em Lisboa, uma parte mais moderna de Lisboa, é o local onde se realizou a Expo`98, uma exposição mundialmente em que uma das principais atrações são os pavilhões nacionais, criados pelos países participantes, entre outros pavilhões que tem a ver com a ciência, história, a realidade virtual, entre outros e tudo isto envolvidos por uma temática. Nesta Expo a temática foi os oceanos e que até hoje se mantêm naquela área, mesmo depois de a exposição ter acabado, designado por Parque das Nações, é um local onde se realizam muitos eventos, exposições com importância nacional e mundial, e onde está localizado o segundo maior oceanário do Mundo, o Oceanário de Lisboa.
Nós fomos visitar este oceanário que contém uma impressionante abundância de aves, mamíferos, peixes e outros habitantes marinhos. É muito fácil andar e visitar o oceanário de Lisboa, sempre seguindo um precurso pré-estabelecido, faz-nos precorrer os diferentes habitats dos diferentes oceanos ricos em fauna e flora. Ao longo do percurso temos várias mensagens de consciencialização ambiental e terminando no fim com a mensagem "Promover o conhecimento dos oceanos, sensibilizando os cidadãos em Geral para o dever da conservação do património natural, através da alteração dos seus comportamentos.", esta a missão do Oceanário de Lisboa. O Oceanário de Lisboa retrata um pouco como Portugal é um país de marinheiros, pescadores e apaixonados pelo mar, é mais do que um aquário, é uma viagem ao fundo dos oceanos. Lindo!

Depois de "nadarmos" pelos quatro oceanos em relativamente pouco tempo, cerca de 2 horas, era hora de ir embora. Luiza regressou a Salamanca e eu à minha terra natal Porto.


Lisboa numa palavra: Mar!