Ávila del Rey, de los caballeros y de los Leales

No dia 13 de Janeiro de 2011, encontrando-me em Salamanca e devido a proximidade desta com inúmeras cidades com imensa história, decidi em conjunto com as minhas companheiras de viagem Luíza e Roberta que faríamos uma viagem no dia seguinte a uma destas cidades, a decisão estava tomada, só faltava escolher o destino... Debruçados sobre os mapas, destinos, imagens, tempos de viagem, meios de transporte que nos ligassem aos destinos, etc, decidimos que iríamos a Ávila! A escolha não foi fácil, mas o fato de ser uma cidade que tem o seu centro histórico dentro de umas muralhas e ser considerada Património Mundial declarado pela UNESCO desde 1985, suscitou um interesse extra em visitar esta cidade.

Na manhã de 14 de Janeiro, já na estação de "autobuses", olhamos para o ecrã das partidas e lá estava assinalado que iria partir da linha 3 a maneira de chegarmos até Ávila. O relógio marcava as 8h30 quando partimos com alguma ansiedade e expetativa do que veríamos 2 horas depois. Entre uma conversa e outra e um sono observaríamos belas paisagens repletas de neve, característica desta época do ano, que juntamente com os símbolos históricos que as atravessam, tornam estes lugares muito bonitos parecendo sair de um qualquer conto de fadas.

Recém-chegados a Ávila fomos diretos ao Posto de Turismo, muito bem localizado, fica no caminho em direção à cidade histórica para quem chega de autocarro/ônibus, mesmo em frente da "Basílica de San Vicente". Com uma simpatia acima da média, a menina que nos recebeu logo nos deu um mapa com as principais atrações da cidade e uma cábula com a sugestão de dois roteiros, com uma breve explicação e preçarios dos atrativos históricos, facilitaria muito a nossa caminhada nesta muito aconchegante "cidadezinha" de Ávila.

Seguindo então de mapa na mão e sempre colocando um olho na cábula oferecida, seguimos um roteiro que começou na "Basílica de San Vicente" e que acabaria na "Iglesia de San Pedro", curiosamente os dois maiores exemplos da arquitetura romana presentes na cidade, datados do séc. XII. Entre o ponto de partida e o ponto de chegada romanos que ficam fora das muralhas fortificadas, passamos pelo lado interior das muralhas, por ruas com gentes bem agasalhadas do frio, restaurantes em edifícios históricos e classificados pela Michelin, lojas artesanais e outras dos tempos mais modernos, símbolos históricos como a "Catedral del Salvador", "Plaza Adolfo Suárez",  a "Plaza del Mercado Chico" (ou "Plaza Mayor de Ávila") onde se situa o "Ayuntamiento" e a "Iglesia de San Juan", o "Convento de Santa Teresa" e o "Palácio de los Núñez Vela". Já na parte exterior das muralhas passamos pelo "Passeo del Rastro" até chegar à "Plaza de Santa Teresa", onde se situam as várias menções esculturais a Santa Teresa e o nosso ponto de chegada a "Iglesia Románica de San Pedro".

O passeio estava a corresponder e em muito às expectativas criadas por nós antes da viagem, apenas faltava, e claro está, a tão esperada subida às muralhas. Sim, é verdade! Podemos subir ao topo das muralhas e vislumbrar de um lado o centro histórico da cidade, do outro um horizonte infinito de montes e vales, estupefatos, como que inseridos entre dois mundos.

Ávila, cidade muito importante na história de Espanha e dos guerreiros templários cavaleiros de cristo, fica só a 1h30 de Salamanca. Similar a Óbidos, em que a zona histórica e muito da vida desta cidade faz-se dentro de umas muralhas e onde o principal atrativo é que podemos andar na muralha, é incrível o conseguirmos andar em redor da cidade e ver os monumentos, esculturas, restaurantes, hotéis, casas e pessoas do topo das muralhas. Tem uma catedral lindissíma, imensos mosteiros, igrejas, conventos, restaurantes classificados michelin e lojas que vendem espadas parecidas à dos guerreiros templários. A Cidade Antiga de Ávila com suas Igrejas Extra-muros foi mesmo considerada no ano em que nasci (1985) Património da Humanidade, evidenciando-se um esforço constante na preservação deste património histórico e cultural e desenvolvimento do turismo. É uma cidade aconchegante, pacata e rica em história.

Ávila numa palavra: Muralhas!

Passagem do ano 2011/2012 no País Basco

1º dia

Como o título indica a intensão de fazer esta viagem foi a de passar o início de 2012 em San Sebastián. Foi num fim de tarde frio de dia 30 de Dezembro de 2011 que o Sud-Express, também designado de "Trenhotel", chegou a Coimbra-B às 18h51. É um meio de transporte muito útil para chegar a algumas cidades de Espanha e França sem qualquer dificuldade, apenas consultando os sites da internet ou nos dirigindo às bilheteiras dos serviços de Comboios ou Trens da CP (Portugal) ou da Renfe (Espanha) podemos comprar os bilhetes que nos levarão ao nosso destino. É mesmo um comboio ou trem muito útil, mas sem grandes luxos, sem o grande conforto e as novas tecnologias dos tempos modernos, pelo menos para quem quer viajar de uma forma barata e em classe turística (2ª classe). Sem infomação do local onde nos encontramos em cada paragem, as pessoas são obrigadas a olhar para o bilhete para saber a hora prevista para a paragem no destino e retirar as malas das prateleiras de acordo com essa hora, tornando-se essencial o itenerário imprimido antes da viagem e ir olhando pela janela para saber onde nos encontramos. Sem wi-fi (internet), sem tomadas para ligar um computador ou recarregar o computador, e "quase" sem falar num bar que menciona na sua ementa ter várias sandes, bebidas, etc... mas que na verdade dispõe de 20% do que é mencionado e com muito pouca variedade - nesta viagem quem não gostasse de sandes de atum, a opção era batatas fritas de pacote com "Twix"!!
Assim é, mesmo muito útil, e também muito simples, sem aquelas "mordomias" atuais, mas que é pontual e que cumpre o objetivo de tornar as cidades mais próximas umas das outras, aconselho para quem quiser chegar nos destinos que este comboio abrangue.

2º dia

No sábado e último dia de 2011, o Sud-Express chega a San Sebástian pelas 06h34 da manhã, cerca de 11h30min depois de embarcar em Coimbra-B, pude respirar o ar fresco vindo dos Pirenéus Atlânticos. Esta zona fronteiriça perto do Atlântico e dos perenéus, é constítuida por cidades como San Sebastián, Hendaye e Biarritz é designada como a zona dos Pirenéus Atlânticos. A cidade de San Sebastián é uma cidade costeira, com uma temperatura bastante agradável, a rondar nesta altura do ano os 14ºC, e que apesar de ficar junto ao mar não é muito ventosa devido aos pirenéus que ficam como que criando uma barreira ao vento.

Fazendo-me acompanhar por Luíza e Roberta, habituais companheiras de viagem, que entraram em Salamanca no Sud-Express, encontramo-nos com os primos de Roberta à chagada a San Sebastián. Aarón e Davyner são um casal jovem que nos receberam muito bem, ele espanhol e ela brasileira sabem os dois falar em português, mas que foram "hablando" sempre em espanhol para nos sentirmos mais em Espanha e aprefeiçoarmos o nosso espanhol e deixarmos um pouco o "portunõl". Depois de uma manhã a ganhar forças para os próximos dias, à hora do almoço comemos a tradicional Paelha.. só de pensar...hmm melhor mesmo nem pensar... Com as energias redobradas e porque estávamos perto dos pirenéus, onde todos os desportos de neve tem o seu império, decidimos ir patinar no gelo e indo para a zona mais desportiva da cidade onde estão os estádios da equipa de futebol "Real Sociedad", da equipa de Rugby, da equipa de hoquéi no gelo, da equipa de basket, tudo ali na mesma zona, todos juntos e organizados. Seria mesmo no estádio da equipa de hóquei no gelo onde iríamos "patinar" ou pelo menos tentar... Passaríamos lá boa parte da tarde, até mais ou menos umas 19h e onde iríamos para casa prepararmo-nos para uma noite longa que prometia.

No jantar da noite de fim de ano mais um prato tipicamente espanhol, Tortilha. Mais um delicioso prato na melhor companhia de Aarón, Davyner, Luiza e Roberta.

3º dia


10, 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1 00h00 Feliz Ano Novo!! Bienvenido 2012!!!

A passagem do ano em San Sebástian foi surpreendente, não existia ninguém nas ruas, nem nos bares, que se encontravam fechados, as pessoas passam a virada do ano em casa os fogos de artifício são lançados das varandas, sendo bastante diferente do que alguma vi em toda a minha vida. Para quem vê pela primeira vez parece que as pessoas estão em guerra umas com as outras, sendo um pouco perigoso, diferente e muito divertido de alguma maneira. Aqui sentimos o porquê de viajarmos, a necessidade que temos muitas vezes de mudar de hábitos e costumes, foi uma grande surpressa. Os fogos continuavam e a festa brasileira em casa começava, com gentes do brasil e apaixonados por este país, com muito samba e instrumentos brasileiros fez-se uma festa com sotaque sul americano, com muito calor e diversão quanto baste.
Por volta da 01h00 fomos para os bares de Renteria, uma zona de San Sebástian, onde podemos entrar e sair de varios bares dispostos por várias ruas, onde tem desde música espanhola, house, pop ou metal, e onde apenas pagamos o consumo.
Com bom ambiente, pessoas bem vestidas, simpáticas e algumas "loucas" na primeira noite de 2012.

No dia 1 de Janeiro de 2012 pela tarde e depois de dormirmos algumas horas e de um "desayuno" reforçado, eis que chegava a hora de conhecer o centro de San Sebástian, onde a principal atração é a "Playa De La Concha", fazendo lembrar o Rio de Janeiro devido às suas encostas e rochas que surgem do mar, em forma de baía, as ondas vêm dar à costa de forma circular, em vez de paralelamente à linha de praia. Nunca tinha visto nada semenhante e mais uma uma vez muito diferente do que sempre vi , é fenomenal e muito bonito!

4º dia

O quarto dia foi em França, mais propriamente em Hendaye na cidade que faz fronteira com Espanha.
Tenho de começar por dizer como é incrível uma linha imaginária que separa duas terras pode provocar tantas diferenças, embora a maioria  das pessoas falem para além do françês, o espanhol e o basco, é diferente o estilo de vida, a cidade é bem mais pacata, sem prédios altos, mais verde e com um castelo tipicamente françês, o "Château d`Abbadia", que fomos visitar. Este castelo é pequeno e fica no topo de uma encosta a "olhar" para o mar, com uma imensidão de campos verdes ao seu lado, com algumas ovelhas e um carro citroen amarelo, que parecia estar ali de propósito para dizer "aqui é território francês, e agora podem tirar uma foto comigo e a paisagem".

Depois de tiradas mais umas fotos iriamos regressar a San Sebástian, para poucas horas mais tarde embarcarmos de regresso a casa no comboio que nos trouxe, o Sud-Express.


No final desta viagem, recorro aos pensamentos iniciais que tive...
Para quem chega a esta zona basca situada no extremo norte da Espanha e no extremo sudoeste da França, cortada pela cadeia montanhosa dos Pirenéus e banhada pelo Golfo de Biscaia logo se depara com imensas características particulares. A arquitetura das casas, a construção das igrejas, o carisma das pessoas, as características ambientais fazem como que se este local seja um pouco diferente, e em termos genéricos, de uma Espanha, Holanda, França ou Inglaterra. Por vezes faz-nos lembrar Inglaterra, outras vezes França e Holanda, e em outras vezes ficamos com a sensação que estamos mesmo em Espanha, mas a verdade é que é um território de características únicas.


San Sebástian numa palavra: Distinta!

Hendaye numa palavra: Pacata!